OLÁ... Tudo bem com vocês???
Aproveitando a onda do mês do horror eu li "Frankenstein" de
Mary Shelley, que embora tenham vários elementos góticos e de terror, não é tão
assustador assim, não a ponto de você querer colocá-lo no congelador, e olha
que sou medrosa PACAS, para vocês terem uma ideia eu fiquei SUPER impressionada
com o livro "O Cão dos Baskeville", uma aventura de Sherlock Holmes,
mesmo sabendo que ele apresentaria uma explicação lógica para o fato. Bem,
agora que vocês sabem que sou uma medrosa, voltemos a "Frankenstein", que li na edição da editora Zahar com tradução de Santiago Nazarian e Bruno Gambarotto.
A obra é muito curta e considerada a
primeira obra de ficção cientifica, surgiu a partir de um desafio: em 1816,
com 19 anos, Mary Shelley, e seu futuro marido, Percy Bysshe Shelley, foram
passar o verão a beira do Lago Léman, onde também se encontrava o amigo e
escritor Lord Byron e o também escritor John Polidori. Lord Byron propôs que os
quatro escrevessem uma história de terror cada um. Mary ganhou o desafio, e
mais tarde transformou o conto em livro. A versão da gênese da história está
narrada no prefácio à terceira edição de seu romance.
O romance relata a história de Victor
Frankenstein, que ao contrário do que muitos pensam é um estudante de ciências
naturais e não a criatura por ele criada, que se quer tem um nome, sendo
chamado ao longo do romance de criatura, monstro, demônio, etc...
A história é narrada através de cartas
escritas pelo capitão Robert Walton para sua irmã. Walton resgata Victor em
pleno Pólo Norte, ao ser recolhido, Frankenstein passa a narrar sua história ao
capitão Walton, que a reproduz nas cartas a irmã. Ou seja, a criatura conta sua
história a Victor, que conta ao capitão, que por sua conta a sua irmã... Esse
fato tira um pouco o crédito da narrativa, pois até que ponto Victor estaria
sendo sincero??? Ou qualquer um dos “narradores”???
Outro fato curioso é rapidez com que a
criatura aprende a ler, escrever, entre outras coisas, pelo menos é isso que dá
a entender a narrativa de Victor ao capitão, ou a narrativa do capitão a sua
irmã... NÃO SEI, é quase uma brincadeira de telefone-sem-fio... Mas, como
acontece em qualquer obra de ficção científica temos de abrir a mente e aceitar
determinados fatos como verdade ou mesmo verossímeis.
Victor Frankenstein é filho de um
aristocrata suíço e durante a adolescência dedicou-se aos estudos das ciências
naturais, em especial a alquimia, que já era uma ciência renegada na época. Aos
17 anos de idade, quando seus pais enviam-no para estudar na Universidade de
Ingolstadt, na Alemanha, lhe é apresentada as ciências naturais modernas.
Talentoso e empenhado como era, acaba
encontrando o segredo da geração da vida, o qual se recusa a detalhar ao seu
interlocutor, o capitão Walton (sendo assim, nós não ficamos sabendo de nenhum
detalhe técnico da criação da criatura). De pose desse segredo, Victor
dedica-se a criar um ser humano gigantesco, e após dois anos obtém sucesso.
Tudo a mil maravilhas, agora é só
receber os “louros” da glória e reconhecimento pelo grande feito... SÓ QUE NÃO.
Victor se sente enojado ante a feição horrenda da sua criatura e foge.
"(...)
Sua pele amarela mal cobria o relevo dos músculos e das artérias que jaziam por
baixo; seus cabelos eram corrido e de um negro lustroso; seus dentes eram alvos
como pérolas. Todas essas exuberâncias, porém, não formavam senão um contraste
horrível com seus olhos desmaiados, quase da mesma cor acinzentada das órbitas
onde se cravavam, e com a pele encarquilhada e os lábios negros e retos.
(...)" (cap. 5).
É a partir daí que as tragédias começam
a atingir os Frankenstein. E eu não contarei mais nada, para não dar spoiler,
mas já adianto que o restante da história é triste...
Mary não criou apenas uma simples
história de terror, há várias alusões religiosas no que tange a relação entre
criador e criatura. Mary demostrou também sua preocupação com o grande avanço
tecnológico vivido na época, com o início da Revolução Industrial – até onde
podemos ir, em nome do desenvolvimento? A diferença entre o certo e o errado, o
ético e o não ético é uma linha muito tênue, muito difícil de estabelecer,
tanto é que o tema “aborto” continua a gerar polêmica e discussões.
Além disso, as consequências decorrentes
da utilização de novas técnicas e de novas tecnologias, em qualquer área, só
podem ser medidas ao longo do tempo, em suma: é uma caixinha de surpresas.
Temas como amizade, família, amor também
são abordados. Assim como o preconceito, ingratidão e injustiça também estão
presentes, trazendo a discussão sobre: o homem é mal, ou a sociedade o torna
mal??? A criatura é sempre injustiçada e repelida devido a sua aparência, mesmo
tendo boas ações, ela é agredida antes de ter uma chance de se defender.
Em resumo: gostei muito do livro, em
especial da discussão na área da bioética que ele apresenta (para quem não sabe
sou bióloga), embora, algumas coisas que já comentei, me incomodaram. Mas fica recomendada
a leitura desse grande clássico da literatura, em especial pelo grande peso
simbólico que ele possui.
Espero que vocês tenham gostado. Beijos
e até a próxima.
Eu li esse livro há muito tempo e confesso que pretendo reler pois apesar de amar essa história achei o livro meio denso e monótono demais, então realmente preciso ler de novo
ResponderExcluirbjs
Realmente, é uma história bem densa... Muitos sentimentos conflitantes... Pretendo rele-la, mas não agora. Beijos.
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