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Viajei com: Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis - PLM #5 - #3 (143 Melhores Livros)



O post de hoje será para falar sobre o incrível livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas" do também incrível Machado de Assis. A princípio a obra foi desenvolvida como folhetim, e lançada entre os meses de março e dezembro de 1880, na Revista Brasileira, sendo publicado como livro em 1881.


Ele foi lido para representar o Brasil no PLM e como “um livro clássico” para o Desafio Literário de 2015 (categoria de Maio). Sendo escrita com tom irônico, cáustico e incrível, característica de Machado, "Memórias Póstumas" é considerada a obra que iniciou o Realismo no Brasil.
O livro é escrito em primeira pessoa, narrado por Brás Cubas, que vai nos contar suas memórias conforme elas vão surgindo, e dessa forma fazendo a conexão entre os fatos. Brás inicia suas memórias com o que considero a melhor dedicatória que já li na minha vida:



Sim, Brás nos conta suas memórias após sua morte, do “além-túmulo”, e isso nós é informado no inicio da história. O narrador, Brás Cubas, em suas próprias palavras, não é um autor defunto, mas um defunto autor. Mas por que se utilizar de um defunto autor para narrar essas memórias? Bem, ele próprio nos explica:

Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa, e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! que desabafo! que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitarse, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há platéia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos finados.

Dessa forma, o autor nos conta sua história sem filtros, sem reservas, pois como está morto não precisa se preocupar com o julgamento social, coisa que ele já não fazia lá com muita frequência quando vivo, pois sim, Brás era um grandessíssimo... filhinho de papai mimado.
Uma coisa que me chamou a atenção é a participação do Quincas Borbas, como amigo de infância de Brás. E um livro com um início incrível merece um final incrível:

Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.


Fica muito recomendado o livro. Espero que tenham gostado.
Beijos e até a próxima.

Comentários

  1. Oi, tudo bem?! Me chamo Daniel e conheci seu blgo agora, mas já estou adorando! Já estou seguindo!! :)

    Adorei a resenha, esse parece ser um clássico de primeira. Essa edição está impecável...

    Abraços do Dan ^-^
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    1. Oi Daniel, Obrigada. Realmente o livro é muito bom, Machado é incrível. Beijos.

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