Oi, tudo bem com vocês???
Hoje irei compartilhar com vocês minha experiência de leitura de "Incidente em Antares" de Érico Veríssimo. O livro foi lançado primeiramente em 1971, e aborda a temática do fantástico e do sobrenatural,
o chamado Realismo Fantástico.
Embora a cidade seja fictícia, as críticas abordadas são feitas a uma sociedade
bem real, tal como nós conhecemos. O livro é dividido em duas partes.
Na primeira
parte, “Antares”, nos é contado à história
de Antares, e também a do Rio Grande do Sul e do Brasil, com suas lutas e suas lendas,
tudo isso através da história das duas famílias que controlam a política da cidade
e a rixa entre elas, os Campolargo e os Vacariano, que começou com Anacleto Campolargo
e Chico Vacariano. Existem algumas cenas repulsivas, outras apimentadas. A primeira
parte nos conta também o fim dessa rixa, em face da ameaça comunista, como é conhecida na cidade a classe operária, que reivindica seus direitos.
Antares é
como qualquer cidade pequena do Brasil, economia agropastoril, teve seus coronéis,
que mandava e desmadavam, nesse caso os Campolargo e Vacariano.
Na segunda
parte, “O Incidente”, é narrado o "incidente" propriamente dito, que se
passou no ano de 1963, ou seja, pouco tempo antes do golpe que instaurou a ditadura
militar no Brasil, que durou quase 20 anos.
O clima político
e econômico do país nessa época estava muito tenso e conturbado. A inflação é “galopante”,
o aumento dos preços é constante, e os trabalhadores decidem deflagrar uma greve
geral, mas geral mesmo, até os coveiros entram na greve. Nesse período de greve
acabam falecendo 7 pessoas, um número alto para uma cidade tão pequena, com
menos de 20.000 habitantes:
- Quitéria Campolargo, a matriarca da cidade, que morreu
do coração.
- Barcelona, o sapateiro anarquista, também vítima de
um ataque cardíaco.
- Cícero Branco, o influente advogado vitimado por um
AVC.
- João Paz, jovem pacifista que foi impiedosamente torturado
até a morte pela polícia.
- Pudim de Cachaça, bêbado envenenado pela mulher.
- Menandro Olinda, o genial pianista, gravemente deprimido,
que se suicidou, cortando os pulsos.
- Erotildes, prostituta, vítima de tuberculose.
Durante o
cortejo de Dona Quitéria, os Campolargo são impedidos de sepultá-la, pois os coveiros,
em greve, cercam o cemitério, impedindo o enterro, e desta forma, aumentam a pressão
sobre os patrões, até aí beleza. Mas os mortos não sepultados, por algum motivo
não explicado, levantam e vão exigir que eles sejam sepultados... Mas devido à
greve isso não é possível, como forma de protesto os mortos tomam o coreto da
praça e acabam revelando, então, a podridão moral da sociedade, desde casos extraconjugais
a roubalheira da politica local. Como as personagens são cadáveres, estão livres
das pressões sociais e podem criticar à vontade a sociedade.
Pode parecer
que eu contei todo o livro... ERRADO, esse ínfimo resumo, não chega nem aos pés
desse livro MARAVILHOSO, muito bem escrito, e não faz jus as incríveis críticas
abordadas em suas páginas. Fica mega ultra super recomendado.
Em 1994,
a Rede Globo apresentou a minissérie Incidente em Antares, adaptada
por Charles Peixoto e Nelson Nadotti, e baseada no romance de Érico Veríssimo. A
minissérie teve a direção de Paulo José e contou com os atores Fernanda Montenegro
e Paulo Betti
no elenco, entre outros. O roteiro traz apenas a segunda parte do livro, mas a adaptação ficou muito boa, recomendo.
Espero
que vocês tenham gostado. Beijos e até a próxima.
Uma história bem real. Acho que agrada bastante aqueles que gostam de história do Brasil.
ResponderExcluirbeijinhos
http://becodoleitor.blogspot.com.br/
AMEI... Beijos.
ExcluirMuito bom esse enredo.
ResponderExcluirObrigada :)
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