Tudo bem??? No post de
hoje iremos conversar sobre o sensacional “O
Caminho de Casa” de Yaa Gyasi. Esse é o romance de estreia da autora
ganesa, sendo publicado em 2016, chegando no Brasil em 2017 pela Editora Rocco,
com tradução Waldéa Barcellos. E foi lido para representar Gana no “Projeto Lendo o Mundo”.
Sinopse:
“Com uma narrativa poderosa e envolvente
que começa no século XVIII, numa tribo africana, e vai até os Estados Unidos
dos dias de hoje, Yaa mostra as consequências do comércio de escravos dos dois
lados do Atlântico ao acompanhar a trajetória de duas meias-irmãs desconhecidas
uma da outra, e das gerações seguintes dessa linhagem separada pela
escravidão”.
O livro aborda uma
temática extremamente necessária, ainda mais depois dos eventos de
Charlottesville. De forma marcante, direta e impactante a autora retrata os
males advindos da escravidão, males esses passados através das gerações, bem ao
estilo:
A narrativa se passa em
Gana no início do século XVIII. Maame, uma mulher da tribo Ashanti, fugindo de
um ataque da tribo Fante, acaba se separando de sua filha Effia, deixando-a
para trás aos cuidados da segunda esposa do seu marido. Maame é abrigada em
outra tribo, onde se casa novamente e tem outra filha, Esi. Durante a narrativa
iremos acompanhar a vida dessas duas irmãs, que crescem separadas, e de seus descendentes
até os tempos atuais.
O livro é narrado em 3º
pessoa, a obra é dividida em capítulos e cada capítulo vai contar a história de
um personagem, que dará nome ao capítulo, que são intercalados entre os
descendentes de Effia e de Esi, como se fossem contos, que podem ser lidos de
forma independentes.
No início achei estranho
isso, pois queria mais, queria conhecer melhor aquele personagem, queria me
aprofundar em sua história. Mas acabei me dando conta que esse era o objetivo
da autora: essa sensação de desconexão com o passado, de falta de referências
culturais, essa perda das raízes. Quando me dei conta disso:
Se já estava gostando da
história, passei a AMAR. Achei extremamente perspicaz por parte da autora
escolheu narrar essa história dessa forma, acompanhando 7 gerações de
descendentes de Maame.
Ao começar esse livro
temos de ter em mente que essas pessoas que foram escravizadas perderam seus
documentos, o direito de utilizar sua língua materna ou de usar o próprio nome,
em suma perderam a própria identidade.
Temos aqui um romance
poderoso sobre ancestralidade, sobre cultura, com um impressionante contexto histórico.
A autora aborda assuntos bem pertinentes, como é o caso das guerras tribais,
incentivadas pelos europeus, onde os perdedores eram vendidos como escravos
para os europeus, o que aconteceria com as pessoas vendidas não importava, o
que importava era o lucro.
Outro ponto que achei SUPER
MEGA interessante é a forma sensível e poética como a autora descreve as
variações dos tons de pele, algo que até o momento eu não tinha percebido em
outros autores. O que é incrível, levando em conta a enorme variação na
pigmentação da pele presente na espécie humana.
Yaa tem uma escrita
magnífica, fluída, poética, envolvente e extremamente emocionante, que
realmente nos prende. Um trecho que me marcou muito: "Você quer saber o que é fraqueza? Fraqueza é tratar alguém como se
pertencesse a você. Força é saber que cada pessoa pertence a si mesma."
Li esse livro na “Maratona 24h em 48h”, e em determinado
momento tive de dar uma pausa na leitura, ler algo mais ameno, mais tranquilo, no
caso peguei “As Crônicas de Nárnia”, pois
são vários socos no estômago, um atrás do outro, deixando-o dolorido,
literalmente falando.
Se você for sensível,
tiver algum tipo de gatilho com relação a descrições de violências físicas e
sexuais, não sei se essa leitura seria legal, mas caso contrário fica aqui a
minha imensa recomendação, de um livro necessário, porém aviso: vai preparado
para se emocionar e se angustiar...
Com relação a edição
tenho que dizer que achei essa capa feia, tem edições muito melhores, com
design mais bonitos. Amei muito o trabalho gráfico da edição britânica e da
edição canadense, também utilizado na edição francesa.
Reino Unido - Editora Peguim |
Então é isso, espero que
vocês tenham gostado. Beijos e até a próxima.
Eu não conhecia e acabou de entrar para minha lista.
ResponderExcluirImagino tamanha riqueza no contexto histórico desse livro, ainda mais passando por sete gerações.
E gostei de todas as capas. Lindas!!
bjs
Depois me conta o que achou, foi um livro que mexeu muito comigo.
ExcluirOlá realmente essa capa é feia, gostei mais das duas últimas. Parece ser uma história impactante, porém, necessária, já vai pra minha lista. Bjs.
ResponderExcluirMuito necessária e impactante. Depois me conta o que achou. Beijos.
ExcluirOi Ana.
ResponderExcluirEu sempre gostei de livros que retratam ancestralidade principalmente de matizes afriancas. Ainda não conhecia essa história, mas fiquei empolgada com o que esperar dela.
Beijos.
Blog: Fantástica Ficção
Depois me conta o que achou, foi uma leitura muito impactante e envolvente.
ExcluirEu amo livros assim, li um livro a um tempo 'Aos Dezessete Anos' ele tem parte da história com a filha da personagem principal e eu achei incrível por isso, adoro livros que retratam gerações diferentes e mostra como as mudam de uma época para a outra!!
ResponderExcluirAdorei a dica de livro e a resenha!!<3
Não conhecia, vou dar uma procurada, obrigada pela dica. Beijos.
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